Mar 1

Poesias Populares

Por João Antonio
Em 01/03/2012
Fonte: Musa Rara

ULISSES TAVARES e o jornal POESIAS POPULARES numero 1, ano 1977

Quando Ulisses Tavares publicou pela Brasiliense Caindo na real (1984), ilustrado pelo cartunista Angeli, descobri seu endereço na revista Primeiro Toque, desta mesma editora, e adquiri a coleção toda de suas obras. Gostava como ainda gosto da poesia bem humorada, assimilada dos modernistas, praticada por ele e toda sua geração. Na quarta capa de um de seus livros Affonso Romano de Sant’Anna, resume muito bem a poesia dele: ”Uma agressividade que torna a poesia de Oswald de Andrade leitura de colégio de freiras”.

Neste lote de livros que Ulisses me mandou pelo correio, um deles me chamou muito atenção, o jornal tablóide Poesias Populares, numero 1. Na primeira página, bem no alto, o escritor mandou a seguinte mensagem para mim, escrita a mão: “Paciência, no futuro vão reconhecer que foi uma ousadia de 1977”. Numa pequena autobiografia, publicada no livro Contramão (1978), 2 edição, o poeta explica que Poesias Populares fora seu segundo livro de poemas. Também informa que o jornal prosseguiu, só que agora abrigando outros escritores, “com quase duzentos poetas agrupados no mesmo projeto”. Infelizmente não possuo os outros números do NP, nem imagino quantos números saíram. Presumo que também tenha abrigado o grupo Pindaíba. Muitos pensam que coletivos é coisa dos tempos atuais, mas não, naquele final dos anos 1970 os grupos artísticos eram muito comuns. Pindaíba era um desses coletivos, do qual Ulisses fazia parte, e que se reunia em torno das Edições Pindaíba.

O tablóide Notícias Populares como já se disse, era na verdade um livro de Ulisses, metamorfoseado em jornal tablóide, formato muito comum nos anos 1970 na Imprensa Alternativa. Seu título e a primeira página eram uma paródia poética do extinto jornal popularesco Notícias Populares, da mesma empresa que edita até hoje a Folha de S.Paulo. Neste jornal há algumas soluções que antecipam o jornal de humor Planeta Diário, que depois iria gerar a Casseta Popular e congêneres. Um tipo de humor besteirol em jornal que vicejou nos anos 1980, em tablóides e revistas, para depois transferir-se para televisão. Consta no expediente a tiragem de 5 mil exemplares, e as ilustrações de Paulo Ernesto Luters Nesti.

A função deste Arquivivo é trazer à tona algum fac-símile do passado, mas não só isto. Pode também ter a função de agrupar nele outras informações que tenham escapado a este escriba. Assim, quem tiver mais dados ou curiosidades sobre este assunto, usar dos comentários, por favor.

Leia a matéria completa: http://www.musarara.com.br/poesias-populares

Aug 19

POEMAS PARA HOMENAGEAR CACHORROS

Livro com textos de donos de cães sai em novembro

Ulisses Tavares e seu cachorro, Ferinha:
Idéia é conscientizar população a não abandonar seus anismais de rua.

Em torno de 100 cachorros vão ser homenageados em um livro de poemas. E ainda dá tempo de participar da seleção. Até o dia 31 de agosto, os interessados deve­rão enviar um poema sobre o seu cão para os organizadores da anto­logia Poemas que Latem ao Cora­ção. A obra, que será lançada em novembro, trará a foto do animal em uma página e o texto ao lado. O pet homenageado não precisa mais estar vivo.

“É claro que nós vamos selecio­nar os poemas tendo em conta o viés literário, mas o que vai importar mesmo é a emoção. Podem fa­lar de saudade, de alegria, de triste­za, enfim, do que tocar o cora­ção”, explica o poeta Ulisses Tava­res, de 59 anos, organizador do li­vro. “Cachorreiro” assumido, ele amadurecia há vários anos a idéia de criar um projeto do gênero.

Já estão pré-selecionados cer­ca de 80 escritores. Os poetas que tiverem trabalhos publica­dos no livro receberão seus direi­tos autorais em sacos de ração. Em média deverão ser três sacos grandes por autor. Todo o ali­mento será doado para entida­des de proteção animal. Duran­te a fase de lançamento da obra, Tavares abordará a conscienti­zação da população para não abandonar animais nas ruas.

Com o poema “Era um Cachorro e apenas um Cão“, o escritor e professor universitário Jorge Miguel Marinho, de 60 anos, morador em Pinheiros, zona oeste, é um dos pré-selecionados. O seu poema vai falar do único cão que teve: Nero. O vira-lata de pelagem escura morreu quando ele tinha 11 anos, depois de cerca de seis anos de convivência. “Mas foi uma figura significativa na mi­nha vida. O Nero entendia o meu silêncio, já que eu era muito introspectivo e não era maior que a minha alegria e a minha tristeza. Era simplesmente um cão”, diz o autor, que não tem mais cachorro, mas convive com vários animais que pertecem a sua família.

O poema enviado por Raquel Naveira, de 51 anos, é triste. Fala sobre Lady, sua poodle de 17 anos que um dia sumiu de casa quando ela morava em Mato Grosso do Sul. Todas as tentativas de encon­trá-la foram em vão. “O sumiço é muito difícil de lidar. Com a morte você se conforma porque é um processo natural”, diz a autora. Em um dos trechos, o poema diz: “Ela, que há tantos anos/Era com­panheira/Sentinela semelhante ao chacal/Que me ajudava a en­contrar o caminho nas monta­nhas/E afugentar o Mal”.

Enquanto vai preparando o livro, Tavares tem se deparado com uma situação inusitada. Tem recebido emails e reclamações dos amantes de gatos que se sentem excluídos do projeto. “Os ‘gateiros’ estão inconformados “, con­ta. Por isso, ele já está pensando em um próximo livro para home­nagear os felinos.

COMO PARTICIPAR:

  • Quem quiser mandar textos para a seleção do livro Poemas Que Latem ao Coração, poderá se inscrever até dia 31 de agosto.
  • É necessário enviar o texto do poema com uma foto do cachorro homenageado sozinho. O material deverá ser mandado para o email: poetaulisses@terra.com.br