Espanha investiga Airbnb por locações turísticas irregulares e impacto no preço dos imóveis
Airbnb na mira do governo espanhol por crise habitacional
Ninguém aguenta mais procurar apartamento em Barcelona e ouvir que “já foi alugado para turistas”. É esse cenário, cada vez mais comum nas grandes cidades da Espanha, que colocou o Airbnb na berlinda. O Ministério espanhol dos Assuntos do Consumidor decidiu agir: abriu uma investigação oficial contra a gigante das locações turísticas por não remover anúncios considerados irregulares – ou seja, sem a licença exigida por lei para operar como hospedagem turística.
No centro dessa disputa está uma crise habitacional que só piora. Moradores de cidades como Madri, Barcelona e Sevilha denunciam que as opções de aluguel convencionais vêm sumindo, enquanto imóveis inteiros aparecem nos sites como Airbnb ou Booking.com para aluguel de poucos dias, a preços altos e fora do alcance de quem busca moradia fixa. Autoridades espanholas afirmam que essa transformação dos bairros – antes residenciais – em redutos de visitantes temporários não foi à toa: a lucratividade das plataformas digitais mudou a prioridade do mercado.

Pressão social e resposta do Airbnb
A pressão vem de todos os lados. Movimentos de moradores se multiplicam, protestando nas ruas e até bloqueando ruas para alertar sobre o esvaziamento dos centros urbanos “por causa do turismo descontrolado”. O Ministério do Consumidor ordenou, ainda na metade de 2024, que milhares de anúncios fossem retirados por serem “publicidade ilegal”: na prática, são imóveis ativados como hospedagem sem permissão para uso turístico, enxugando ainda mais a oferta para longas estadias.
O Airbnb já respondeu que pretende recorrer caso a investigação resulte em penalidades. A empresa argumenta que gera receita para pequenos proprietários e impulsiona a economia local, mas esse discurso empaca frente aos protestos de quem já enfrenta aluguéis simplesmente impraticáveis. Dados de órgãos municipais mostram que o valor médio do aluguel nas áreas centrais subiu quase 70% em uma década, fenômeno atribuído em parte à explosão das plataformas digitais.
Esse movimento espanhol não está isolado. Cidades como Amsterdã, Lisboa e Berlim também partiram para cima das locações de curta duração, tentando reverter o quadro de “turistificação” acelerada. Em Madri e Barcelona, já há restrições rígidas para novos registros de aluguel de curta temporada. Agora, com uma investigação em andamento, autoridades prometem priorizar o equilíbrio entre a economia do turismo e o direito à moradia – um debate que está longe de se encerrar.